domingo, 30 de novembro de 2025

AQUI NASCEU PORTUGAL - DE COMBOIO ATÉ AO BERÇO

 

Imagem: Internet

Há momentos na vida em que o chamamento do berço se impõe com uma força mansa, quase telúrica. Connosco, comigo e com a Teresa, não foi diferente. Num desses dias em que a vontade fala mais alto, apanhámos o intercidades e seguimos rumo à Invicta. Cidade de charme antigo e renovado. Quem diria, há apenas seis anos, que iríamos alugar um T1 no Bairro da Sé, ali a meio caminho entre São Bento e a Ribeira, na rua Mouzinho da Silveira! Então, tudo parecia gasto, decrépito, até malcheiroso. E agora? Agora resplandece renovado, reconstruído com respeito pela traça original. Um espanto. Parabéns, tripeiros; podeis orgulhar-vos e erguer a cabeça perante quem vos quiser medir forças — cá dentro ou lá fora, carago.

Mas hoje não venho falar desse Porto lavado e elegante, que já nos acolheu tantas vezes que perdemos a conta.

Dormimos bem. E, na manhã seguinte, pelas dez, subimos até à vetusta estação de São Bento. Linda, imponente, com aqueles painéis de azulejos que contam a história do Norte como quem folheia um livro de pedra e barro. Vinte mil azulejos que deixam turistas ofegantes, telemóveis erguidos, disparando freneticamente num “vem-se-te-avias” fotográfico que quase faz sorrir quem assiste.

Já sabíamos que a linha acompanha o Vale do Ave. A ideia das paisagens, do rio que serpenteia e repousa em Guimarães, seguindo depois até Vila do Conde, deixou-nos a imaginar cenários idílicos. Guardámos esses cenários como quem guarda uma promessa.

A composição esperava-nos: limpa, espaçosa, silenciosa. As janelas amplas deixavam a luz entrar com generosidade. Só os bancos denunciavam o peso dos anos — encostos puídos, assentos cansados, marcados por quem neles viajou. Pormenores. As placas eletrónicas que anunciam paragens e saídas são uma pequena maravilha para lisboetas habituados às velharias suburbanas. E a linha… suave, sem aquele “pouca-terra” da memória ferroviária. O comboio deslizava com uma serenidade quase inesperada — para espanto de quem gosta de embirrar com a CP.

A paisagem, vista da janela, fugia num compasso ritmado, quase hipnótico. Deixámos rapidamente os arredores e mergulhámos na periferia, com os nomes das estações — Campanhã, Contumil, Rio Tinto, Águas Santas, Ermesinde, Trofa, Lousado (que confundi com Lousada), Santo Tirso, Vila das Aves, Lordelo, Vizela — até chegarmos a Guimarães.

Na estação, atravessámos a sala ampla — bilheteiras, bar, casas de banho. Ironia das ironias: no comboio não havia, ali havia… mas mal cuidadas. Uma fila de senhoras formou-se de imediato; os homens, embora com a mesma urgência, não esperaram tanto. O cheiro a urina impregnado no chão e nos sanitários denunciava abandono e falta de zelo. Inexplicável. E não falo das casas de banho dos intercidades, para o texto não azedar de vez. Sim, a CP dá-nos os tais 50% de desconto por sermos seniores — uma benesse. Mas ainda tem muito caminho a trilhar para ombrear com as congéneres europeias.

E a paisagem? Prometi falar dela. Mas vou guardar para mim as imagens que imaginei do Vale do Ave; prefiro que fiquem intactas. A realidade, essa, mostrou casas mal implantadas, fábricas abandonadas, campos por amanhar e um rio Ave fatigado. Há trabalho pela frente — e muito amianto à vista.

Saímos então da estação, nós, os forasteiros, e deparámo-nos com a velha dúvida: esquerda ou direita? Sem sinalização evidente, fizemos como faz quem está perdido: o dedo à boca, o ar a soprar, o braço ao vento, qual cata-vento sem norte. Fomos pela esquerda — hábito antigo que se entranha. Mais adiante, um letreiro pareceu gozar connosco, indicando o centro no sentido inverso. «Assim não vale», protestámos. Mas a Teresa, com o olhar atento que a distingue, reparou noutra placa, mais discreta, quase escondida pelos ramos.
E lá fomos pela direita.

Debaixo de um aguaceiro, percorremos a Av. D. Afonso Henriques e chegámos ao Largo do Toural, onde um mural proclama, firme: «AQUI NASCEU PORTUGAL». O berço. Aqui nasceu, em 1109, D. Afonso Henriques. O som dos sinos da Igreja de São Pedro ecoava no ar, anunciando o meio-dia com uma solenidade que parecia vir de outro tempo. O Largo é belo: casas iluministas restauradas, uma fonte moderna bem integrada, a Basílica de São Pedro — construída ao longo de 137 anos e ainda hoje à espera da segunda torre sineira, tão ao nosso jeito português. E, numa esquina, uma casa de ferragens antiga, onde a forja, o martelo e o fogo parecem resistir ao tempo.

Não vou descrever cada recanto visitado. Os guias fazem isso melhor. Quero apenas testemunhar o encanto de passear por uma cidade limpa, bem cuidada, acolhedora na comida e no trato, onde cada pedra, cada fachada e cada sombra conta uma história antiga.

Bem-haja a todos os vimaranenses — homens, mulheres e autoridades — que preservam a cidade sem a desvirtuar. É digna de visita de qualquer português, e de quem vier de fora.
Saímos de lá com a vontade simples e sincera de voltar.


domingo, 23 de novembro de 2025

ESTAVA ESCRITO NO FIRMAMENTO

O plano da América trumpista vai ao encontro de tudo o que Putin deseja.


É estranho — é até bizarro — que o invasor de um país soberano seja recompensado pela própria atrocidade que cometeu.

Que Trump era amigo e admirador de Putin já sabíamos, e isso foi propagandeado aos sete ventos pelo próprio.

Que ambos são hábeis em manipular as emoções das pessoas, também estamos cansados de saber.


A passadeira vermelha no Alasca, o caloroso cumprimento — com palmadinhas nas mãos e largos sorrisos — mostraram ao mundo o quão próximos são. A boleia no carro presidencial dos EUA ao seu congénere russo serviu para acertarem a agenda sobre o futuro da Ucrânia, longe das câmaras e dos microfones. Ali, sim, discutiu-se tudo o que havia a decidir — tudo o resto é folclore para entreter o povo.


E a chantagem — à bela maneira do senhor do “eu quero, eu posso” — dirigida a Zelensky, com o ultimato “até quinta-feira tem de aceitar”, revela bem como as exigências de Putin ecoam através de Trump. Um ultraje que deveria merecer uma resposta firme do mundo livre.”


E a Europa tem de se fazer respeitar, sob pena de sucumbirmos aos pés destes: um ditador e outro pró-autocrático.

Imagens: Internet 


sexta-feira, 17 de outubro de 2025

NOVA LEI DA IMIGRAÇÃO


Esta é uma questão política — e foi politicamente que foi resolvida. Conjunturalmente, através da Assembleia da República e do Governo (AD/CDS/CHEGA), alterou-se a Lei de Estrangeiros.


Vimos os governantes e dirigentes partidários que apoiam esta medida esgrimir argumentos em sua defesa. Estão no seu direito — têm um mandato, outorgado pela maioria do povo português, através de eleições livres, para o fazer.


Mas atenção: todos sabemos, ou devíamos saber, que são os imigrantes que estão a contribuir para o equilíbrio das nossas contas públicas. E não apenas através dos descontos para a Segurança Social, mas também com o seu trabalho na construção civil, na restauração, na hotelaria, na agricultura e por aí fora.


Não fossem os imigrantes e, já hoje — agora mesmo —, todos estes setores da economia nacional teriam colapsado.


A título de exemplo: Portugal não tem habitações suficientes para os seus habitantes. Estima-se ser necessário construir, por ano, 70 mil casas! Para isso acontecer, dizem os estudos, seriam precisos cerca de 90 mil trabalhadores — só para este setor.


Se não há portugueses para o fazer, quem o fará?

Talvez os políticos demagógicos e populistas?


É óbvio — e de bom senso — que o que se está a passar no Martim Moniz, com estrangeiros a vender droga (já me ofereceram a mim, com a droga na palma da mão, à vista de toda a gente, para eu comprar), não é aceitável; bastam os nossos. Mas isto é um caso de polícia. E para esses, sim, que se prendam e se mandem para os seus países.


Quanto aos restantes, deixemo-los governar a vida — como gostamos que façam com a nossa diáspora, espalhada por todo o mundo.


Pelo exposto, torna-se evidente que esta lei, a seu tempo, terá de ser novamente revisitada.


quinta-feira, 9 de outubro de 2025

FIM DA GUERRA DO MÉDIO ORIENTE

 


Hoje amanheceu um dia raro — um dia em que o silêncio das armas soa mais alto do que o estrondo das bombas.

É dia de júbilo para a humanidade, e de alívio profundo para israelitas e palestinianos.


“Dia de esperança e de fé”, murmurava esta manhã um homem em Gaza, com o olhar cansado e o coração em lume brando.

Que assim seja — para bem de todos nós.


Hoje celebramos a paz. Viva a paz!


Mas amanhã… amanhã será tempo de reflexão.

Tempo de olhar para o rasto de cinza e lágrimas que esta guerra deixou — para as vidas despedaçadas, os lares desfeitos, os sonhos calados no pó.


Fabricantes de armas à parte, quem ganhou com este conflito?

Ninguém. Apenas a morte, a dor e o sofrimento ergueram troféus.


Que o homem, enfim, aprenda algo com estes dramas horrendos.

Que aprenda — antes que seja tarde demais.

lmagem:IA


terça-feira, 7 de outubro de 2025

7 de outubro de 2023

 


Faz hoje dois anos que o Hamas desencadeou um ataque brutal, matando e aprisionando homens, mulheres e crianças.


A todas as vítimas desse ódio insensato, expressamos a nossa solidariedade e o desejo profundo de que todos os prisioneiros possam regressar, sem demora, aos seus lares.


De igual modo, estendemos a nossa solidariedade ao povo da Faixa de Gaza, martirizado pela resposta devastadora de Israel e pela loucura inconsequente do Hamas.

Imagem:IA

AQUI NASCEU PORTUGAL - DE COMBOIO ATÉ AO BERÇO

  Imagem: Internet Há momentos na vida em que o chamamento do berço se impõe com uma força mansa, quase telúrica. Connosco, comigo e com a T...