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Não havia, naquele tempo, as tecnologias que hoje existem e
que, por existirem, devem ser postas ao serviço dos homens e das Instituições
para lhes dar um upgrade a fim de os
ajudar a melhorar o desempenho das funções que, a cada um, incumbem.
Da experiência que adquiri do tempo em que fui militar, não
vejo como é que alguém que não seja militar possa fazer a guarda dos Quarteis,
paióis, enfim, o que se queira e que, às Forças Armadas diga respeito.
Voltando a socorrer-me das aquisições que fiz na altura em
que servi a pátria na guerra colonial, sei que a escala de serviço era feita na
Secretaria das Unidades Militares, pelos Amanuenses, chefiados, a maior parte
das vezes, por Sargentos; este documento só entrava em vigor depois de sair na
Ordem de Serviço e que era assinado pelos Comandantes das respetivas Unidades
Militares. Isto é tão básico que, como ilustração, atrevo-me a contar-vos que quando
dormia (no Quartel) o fazia sempre com a arma (que me fora distribuída) à
cabeceira da cama e quando saía em operações, quando dormia, estava abraçado a
ela e, mais, quando tinha que satisfazer as necessidades fisiológicas a pousava
nos joelhos, mas sempre agarrado a ela e com o dedo na guarda do gatilho (falo
da velhinha G3, claro está).
Ora, de acordo com o que atrás ficou exposto, a haver
responsabilidades por eventuais falhas de segurança, elas são inevitavelmente
assacadas aos Senhores Comandantes e eventualmente ao Oficial e Sargento da
Guarda ou ao soldado do posto de vigia, se este não estiver lá ou estiver a
dormir.
Assim, não vejo como é que o Sr. Chefe do Estado-maior do
Exército ou o Sr. Ministro tenham que ser os responsáveis de uma falha, grave,
desta natureza, que denota incúria e laxismo.
Só a politica baixa, fraca e sem nada que dizer, pode
alvitrar a demissão destas pessoas.
São os Militares, e só eles, que têm de assegurar a guarda
do material que o país lhes entrega, pois são eles a quem os portugueses
incumbem a orgulhosa missão de assegurarem a defesa, em última instância, da
Nação. Tenham mais brio, trabalhem e não se escudem com a falta de dinheiro; isso
é uma afronta às muitas famílias, com filhos, que têm de viver com 500€ por mês.
Tiro o meu chapéu ao
Senhor General, Chefe do Estado-maior do Exército, que, sem tibiezas, com
frontalidade e fazendo jus à ética Militar, soube, contra muitos, assumir a
responsabilidade da falha gravíssima em que caíram aqueles Militares.
Outra coisa, senhor ministro, é a perceção. A perceção de
que alguma coisa vai mal nas fileiras das Forças Armadas!
Quando as Forças Armadas andam na Comunicação Social, não é
bom: elas devem ser eficientes, eficazes e discretas. Mas quando se fala das
Forças Armadas pelas piores razões é muito mau. E de há uns tempos a esta
parte, são já sucessivos os casos maus, muito maus e péssimos que trazem à
baila as Forças Armadas: é o caso da alegada homofobia nos Pupilos do Exército,
o caso da terrível morte dos Instruendos dos Comandos, o caso da alegada
corrupção na Força Aérea e por último o caso de Tancos.
São muitos casos. Sintoma de que algo vai mal nas Forças
Armadas e, aqui, sim, Senhor Ministro e senhores políticos, devem pôr-se em
alerta, fazerem uma análise profunda e aprofundada, sem estridência e sem histerismos
desnecessários e tomarem as medidas que se impõem porque o caso antevê-se
gravíssimo. E sem querer ser profeta, Senhor Primeiro-Ministro e Senhor
Presidente da República, Excelências, com o mais elevado respeito, se nada for
feito, um dia destes a República vem abaixo e com estrondo.
PS: Também não entendo, por incapacidade minha, certamente,
que, no caso de Tancos, haja uma autoridade (MP) que, alegadamente, tenha sido
alertada para esta situação e não tenha alertado quem de direito para este
facto!
Será que esta autoridade assumiu, ela, a guarda do local? Tendo
para o efeito colocado homens especializados no terreno para apanhar os
ladrões, fossem eles quais fossem e por isso manteve o segredo (o tal segredo
de justiça que alegadamente tantas vezes é publicitado…)? Se assim foi, outro
buraco se abre a merecer a atenção do Legislador, ou não será assim?