quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

MARIA LUA NO RIO LUCUNGA

 
(...) Montada a segurança à ponte em construção já adiantada, sobre o rio Lucunga, e ao contrário do que era habitual, decidi ir dar um giro sozinho na margem esquerda do rio; a dada altura parei junto à água numa zona em que o rio fazia uma curva à direita e onde existia areia que era acariciada pelos ramos dos cafeeiros, ao ritmo da suave aragem que se fazia sentir. Aí sentei-me, peguei num pauzinho e entretive-me distraidamente a mexer na água. Os meus pensamentos vagueavam até ao povo Quimacuna, mais precisamente até Maria Lua. De repente, um leve ruído fez-me estremecer, levantei-me e fiquei de atalaia com a arma em posição de fogo. Então uma bela égua castanha com uma estrela branca na cabeça aproximou-se! Olhei admirado para o animal, quando do nada, vi materializar-se, do outro lado do animal, Maria Lua!
- Não pode ser... abri e fechei os olhos várias vezes para me certificar de que não era uma visão, mas não. Era mesmo ela!
 De baixinho, e antes de mais nada, disse-me Maria Lua:
- É necessário teres mais atenção, nunca se sabe quando e quem aparece, não é, militar? Esta terra é grande, mas não tanto assim... E quando queremos tudo é possível. - Após o que me ofereceu um lindíssimo sorriso com um enorme brilho nos olhos, deixando-me zonzo.
- Boa tarde Maria Lua!
- Chiiiiiiuuu, - soprou ela, ao mesmo tempo que levou o delgado dedo indicador aos seus belos lábis - podem ouvir-nos!
Aproximei-me dela e antes que pudéssemos dizer mais alguma coisa, abraçámo-nos e as nossas bocas unirem-se num beijo sôfrego até nos deixarmos cair e rolar na fina areia. Acariciámo-nos à descoberta do corpo um do outro até que, com movimentos animalescos, arrancámos as roupas e rebolámos para dentro da água onde num frenesim de beijos e carícias, acidentalmente, fiquei sentado e reclinado numa cova da rocha, que mais parecia um banco esculpido, anatomicamente, pela água ao longo dos séculos e onde o meu corpo se encaixou na perfeição. O rio continuava a correr indiferente à nossa voraz volúpia e suavemente tapou-nos a nudez.  Maria Lua sentou-se no meu colo e ambos nos perdemos na voracidade da paixão num jogo sensual de mãos e boca, até que, ela, deu início a um bailado rítmico - só comparável à dança do merengue - e iniciámos uma luta carnal que nos entorpeceu os sentidos enquanto um turbilhão de emoções tomou conta dos nossos cérebros; os corações dispararam e as têmporas quase rebentaram. Amámo-nos até que uma explosão de fluidos se misturou com a límpida água que caminhava indiferentemente em direção ao mar, deixando-nos prostrados por largo tempo.
Agora mais calmos e senhores dos nossos sentidos, éramos já capazes de sentir o frio da água que nos despertou e arrastámo-nos para a margem; abraçados adormecemos cobertos por um dossel de cafeeiros e guardados pela égua que, amarrada pela trela a uns ramos, se manteve de sentinela.
 Quando acordámos, sem sermos capazes de articularmos uma palavra, voltámos a amar-nos e tudo se repetiu da mesma forma intensa, carnal, animalesca, num desejo incontrolável que nos impelia um para o outro sem necessidade de diálogo que não fosse o dos corpos, e por ali ficámos amando-nos, descansando e tornando a amar-nos, até que ao final da tarde uma buzinadela - que chamava por mim - nos despertou da letargia entorpecedora a que o sexo induz e nos obrigou a voltar à realidade. (...)

E o resto...? Bom, meus caras, têm que ler o livro, se ainda o não possuem, contactem-me por e-mail: sampaio.magalhaes@hotmail.com 

O próximo encontro será no próximo dia 30 de junho (sábado) de 2018, em Vila Nova de Foz Côa.


PENSAMENTO

  “É O COMER QUE FAZ A FOME.   É O CORAÇÃO QUE FAZ O CARÁTER”                    Eça de Queiroz  Imagem: Internet