Ouvem-se alguns dirigentes sindicais clamarem que os enfermeiros têm o Mestrado
e que auferem menos do que outras pessoas com a mesma qualificação. Pois bem,
hoje (pelo que se disse no parágrafo anterior), a habilitação exigida para o
desempenho da função de enfermeira/o é a Licenciatura em Enfermagem. Mas tempos
houve em que apenas se requeria que soubessem ler e escrever! E é desse tempo
que vem o prestígio e respeito por esta nobre profissão. Claro está que os
tempos evoluíram e, com isso, os métodos, os processos e, naturalmente, a
necessidade da adaptação desta classe profissional para responderem à
complexidade das novas práticas profissionais. No entanto, o enfermeiro não é
um médico, e o que é exigido a estes profissionais leva a pensar que qualquer pessoa
com um Curso Técnico Profissional de Enfermagem (Décimo Segundo Ano de
Escolaridade) seria o bastante e suficiente para o desempenho desta prática.
Porém, a falta de força do Estado e a demagogia dos políticos, lá atrás,
trouxe-nos aqui, e, agora, temos os enfermeiros ou parte deles a querem
igualar-se aos médicos!
Quer isto dizer que não é bom os enfermeiros serem Licenciados, Mestrados ou Doutorados? Claro que não. Até pela simples razão que onde cabe o mais, cabe o menos. Que bom seria que os nossos varredores de rua fossem Licenciados, Mestrados ou Doutorados, desempenhariam eles a sua nobre função de trabalhadores da higiene pública melhor que os atuais? Pensamos que não. Mas era muito bom e sinal de que o nosso país tinha atingido um patamar educacional extraordinário e o nível de vida de todos nós, e não só de alguns, era muito melhor. Porém, o que é, é, e não vale a pena entrarmos em devaneios irresponsáveis que só nos podem conduzir a um beco sem saída, onde, aliás, já estivemos várias vezes, só depois do 25 de Abril, já lá vão três... pensamos que já chega.
E mais, o Estado não pode ficar refém de qualquer tipo de corporação profissional, sindical ou política. E se a Lei da greve já não dá resposta - por força dos novos meios tecnológicos que hoje existem - ao equilíbrio que se exige na relação de forças entre patrão/trabalhador, pois bem, que se altere. Imagine-se o que seria a partir de agora, todas as corporações profissionais do país, desatarem a utilizar o mesmo método, seguido pelos enfermeiros - crowdfunding[1] - e, com este esquema, fazerem greves sem fim à vista, ilimitadas. Já pensámos nisto, verdadeiramente, e com a atenção que o caso exige?
É bom que os políticos e sindicalistas sejam responsáveis
nesta matéria e não demagógicos se não querem que o povo, amanhã, farto desta
bagunça, onde milhares de doentes a necessitarem de ser operados e, por egoísmo
de alguns, o não conseguem com graves prejuízos, inclusivamente o de
continuarem vivos, venha a revoltar-se e a manifestar-se contra a Lei da greve
e a pedir o fim deste direito absolutamente imprescindível num estado
democrático e de direito.
Como na vida não há verdade absoluta, que haja bom senso e respeito pelas pessoas.
[1]
“Financiamento colaborativo de uma entidade, de um projeto ou de uma
iniciativa, por meio da angariação de contribuições monetárias provenientes
de vários investidores individuais, realizada tipicamente pela internet e
redes sociais” - In Dicionários infopédia, Porto Editora.
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