domingo, 13 de dezembro de 2020

MIXÓRDIA/OPINIÃO

 

Sou dos que não concordam com o chorrilho de maledicência com que a toda a hora se enxovalham os políticos, mas a verdade é que eles não fazem nada para mudar esta situação, não. Bem pelo contrário. A titulo de exemplo, refiro o último debate para a aprovação do Orçamento do Estado, na Assembleia da República: aquela negociata mais própria das feiras, onde se negociou tudo e mais alguma coisa, com tudo e todos, sem o mínimo sentido da ética, dos princípios e do interesse pela coisa publica, a não ser o que cada um poderia ganhar ou perder para o seu partido, não que este jogo partidário seja ilegítimo, que o não é, mas não se joga desta maneira com o nosso dinheiro. Dinheiro que, à grande maioria das pessoas, custa tanto a ganhar. Sendo os Deputados os nossos legítimos representantes…. Desculpem, mas, veio-me à memória, agora mesmo, e a propósito, um texto do nosso grande Eça de Queirós, que li, há dias, em ‘acabeceira.blogs.sapo.p’: “O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece, a sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.”.

In As Farpas (edição de outubro 2004), maio 1871

Caros leitores, depois destas palavras impressas do Eça, digam lá o que é que retirariam deste texto na atualidade? É uma pena, mas isto não muda, não muda mesmo!

Mas como sou um otimista desmesurado, estou certo que podemos contar com esta juventude d’Ouro que emerge, para mudarem este estado de coisas.

Imagem: Assembleia da República/Internet 

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