sábado, 19 de novembro de 2016

FRANCISCO DE ANGOLA


Foto da internet
Este blogue não costuma, por princípio, tratar de questões de política pura e dura. Muito menos de se imiscuir na política de outros povos. Mas há momentos na vida em que uma pessoa não pode virar a cara para o lado e fazer de conta que não se passa nada e que tudo está bem.
Sentimo-nos naturalmente perturbados com o programa “A Grande Reportagem” da SIC, no telejornal das 20h, do dia 17/11/2016, “UM PAÍS RICO COM 20 MILHÕES DE POBRES”.
Não somos daqueles que veem só o lado mau das coisas, pois que, como em tudo na vida, há sempre os dois lados, o bom e o mau.
À cabeça, quero começar por reconhecer o muito que os angolanos fizeram depois de alcançarem a paz em 2002. E tudo isto depois de duas guerras terríveis e consecutivas que duraram 41 anos (14 de Guerra Colonial e 27 de Guerra Civil)! Já aqui temos elogiado as melhorias das condições de vida que se verificam em alguns estratos do povo angolano e sabemos também que “Roma e Pavia, não se fizeram num dia”.
Aqui chegados, lembramo-nos do Aloquete (trabalhador do nosso Quartel em 1974, no Songo), quando lhe perguntámos o que pensava, ele, sobre o futuro de Angola (que, eu, com os meus tenros 22 anos, ingénuo, acreditava que ia ser radioso)? E, como resposta, ele, futurou: “Ó furriel, os ricos vão ficar mais ricos e poderosos, os pobres vão continuar a ser pobres”! Infelizmente, assim é, velho Aloquete, foste premonitório. Ao vermos o grito de desespero e de revolta do Francisco que, serenamente, nos diz: “prefiro morrer a calar-me”; ou daquele outro, “todos os santos dias, eu, vejo o meu povo a sofrer! Porquê? Se somos um país rico!”; e ainda aquele outro que com um ar de desespero diz: “Vivo na rua, como na rua, faço tudo na rua. Quando criança queria ser como o Cristiano Ronaldo, médico, mas… apenas consegui transformar-me num deficiente.” (não temos a certeza de ter citado corretamente porque o fizemos de cor, mas o sentido era este)!
Uma coisa, eu, sei Francisco: quando um povo é sujeito à fome, à falta de emprego, à falta de acesso aos cuidados de saúde, à tirania da corrupção, da injustiça e da repressão, aguenta algum tempo, mas não o tempo todo. E quando o povo perde o medo, atenção, corruptos e tiranos porque o desespero leva-o inexoravelmente à revolta e a gritarem:
 “Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
 esta terra, hoje nossa.”
e “… como ela, somos livres,
somos livres de voar.”
(Ermelinda Duarte)
Assim foi connosco portugueses e com o povo chileno e tantos, tantos outros; veja-se o que se está a passar com os nossos irmãos brasileiros! O povo, sempre, mas, sempre vencerá. Porque a soberania é do povo e é o povo que decide em última instância o que quer para si. E quem não entender isto, terá o fim que merece.
Um abraço solidário, Francisco.




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