Foto: 25 de Abril 1974 - Internet |
Ah! Sim, estarão alguns a interrogar-se, porquê vasculhar a história,
se és um kota e viveste os acontecimentos?
Porque, ao fim de 43 anos, alguns de nós já esquecemos e outros ainda não
sabem o que aconteceu aos nossos países com o advento desta data que marcou,
indelevelmente, as nossas vidas para o futuro; para uns a Democracia, para
outros a Independência, não é coisa pouca. Mas há, ainda, aqueles que sofreram
com este processo e que não devem ser esquecidos – os colonos. Para todos nós,
aqui fica o relato do que a História registou:
“FIM DO IMPÉRIO
O golpe de Estado do 25 de Abril de 1974, levado a efeito por militares
dos três ramos das Forças Armadas, dirigidos pelo MFA, pôs fim a 41 anos de
Estado Novo e a 48 anos de ditadura em Portugal. Ao 25 de Abril seguiu-se um
período revolucionário que transformou radicalmente o Estado e a
Sociedade. Em apenas dois anos, Portugal sofreu a mais profunda mudança na sua
história não só do ponto de vista do sistema político, mas também nas
concepções, estruturas e relações sociais e económicas. As independências dos
territórios coloniais, ocorrida entre Outubro de 1974 e Novembro de 75.
A guerra colonial constituiu a motivação dominante do MFA para conceber e preparar um golpe de estado contra o regime. O golpe de Estado obedeceu a um planeamento muito cuidadoso e a execução de grande eficácia, baseada em princípios militares muito simples (surpresa, coordenação e concentração de forças)
O sinal utilizado pelos golpistas foi uma canção de José Afonso "Grândola, Vila Morena", transmitida pela rádio Renascença. Estava assim iniciada a revolta.".
A guerra colonial constituiu a motivação dominante do MFA para conceber e preparar um golpe de estado contra o regime. O golpe de Estado obedeceu a um planeamento muito cuidadoso e a execução de grande eficácia, baseada em princípios militares muito simples (surpresa, coordenação e concentração de forças)
O sinal utilizado pelos golpistas foi uma canção de José Afonso "Grândola, Vila Morena", transmitida pela rádio Renascença. Estava assim iniciada a revolta.".
… "Quanto a Angola, considerando as previsíveis dificuldades de
aproximação dos três movimentos de libertação e a amplitude da comunidade
branca angolana, o Presidente da República, e de forma geral os órgãos de
soberania portugueses, interrogava-se legitimamente sobre a melhor forma de
levar à prática a descolonização. Com efeito, os altos interesses em jogo no
território angolano quer do ponto de vista da África do Sul e dos países
ocidentais, quer do ponto de vista da União Soviética e dos seus aliados faziam
adivinhar o alargamento de um confronto à margem de Portugal. Na
sequência de várias decisões, Spínola encontrou-se com Mobutu na ilha do Sal,
em 15 de Setembro, reunião que se revestiu de grande sigilo, mas cujo
objectivo foi a questão de Angola. As iniciativas de Spínola tiveram ainda
alguma continuidade quando, em 27 de Setembro, exactamente nas vésperas da sua
ruptura com o novo regime, recebeu uma delegação das «forças vivas de angola»,
a quem apresentou «as linhas gerais do programa de descolonização daquele
território», o seu último acto oficial relativo a tal matéria. Três dias
depois, Spínola renunciaria ao cargo.
Com Costa Gomes na Presidência da República não diminuíram as preocupações com a descolonização e, em especial, com a resolução do caso de Angola.
O processo de negociações conheceu várias frentes, desenvolvendo-se essencialmente em torno de acções da Presidência da República, do ministro Melo Antunes, do ministro dos negócios estrangeiros e das autoridades portuguesas de Angola. Neste período, uma primeira frente de conversações desenvolveu-se em direcção à FNLA, a partir de Kinshasa, onde esteve presente uma delegação portuguesa em 11 e 12 de Outubro, prosseguindo estas conversações, alguns dias depois, em Luanda. Ainda durante o mês de Outubro, no interior de Angola, encontraram-se delegações de Portugal e do MPLA, vindo a ser acordado um cessar-fogo.
Entretanto, várias diligências ao nível diplomático e político procuraram desbloquear algumas desconfianças mútuas e várias dificuldades práticas, até poder ser anunciado, os últimos dias do ano, uma cimeira dos três movimentos em Mombaça, preparatória de uma plataforma comum perante o Governo português. Efectuada esta nos primeiros dias de 1975, foi possível dar mais um passo em direcção à assinatura de um acordo global, com realização, no Algarve, de uma cimeira dos três movimentos e de Portugal, entre 10 e 15 de Janeiro. Neste último dia foi assinado o Acordo de Alvor, que definia um modelo de transferência de poderes e criava os instrumentos-base do entendimento mútuo e do esforço comum no sentido de Angola se tornar num Estado independente a partir de 11 de Novembro de 1975. Contudo, os interesses brevemente silenciados não tardaram a fazer-se ouvir, desfazendo em migalhas as esperanças de Alvor. Sem que a data da independência tivesse sido posta em causa, o edifício constitucional laboriosamente construído durante as conversações acabou rapidamente por ruir.”.
Com Costa Gomes na Presidência da República não diminuíram as preocupações com a descolonização e, em especial, com a resolução do caso de Angola.
O processo de negociações conheceu várias frentes, desenvolvendo-se essencialmente em torno de acções da Presidência da República, do ministro Melo Antunes, do ministro dos negócios estrangeiros e das autoridades portuguesas de Angola. Neste período, uma primeira frente de conversações desenvolveu-se em direcção à FNLA, a partir de Kinshasa, onde esteve presente uma delegação portuguesa em 11 e 12 de Outubro, prosseguindo estas conversações, alguns dias depois, em Luanda. Ainda durante o mês de Outubro, no interior de Angola, encontraram-se delegações de Portugal e do MPLA, vindo a ser acordado um cessar-fogo.
Entretanto, várias diligências ao nível diplomático e político procuraram desbloquear algumas desconfianças mútuas e várias dificuldades práticas, até poder ser anunciado, os últimos dias do ano, uma cimeira dos três movimentos em Mombaça, preparatória de uma plataforma comum perante o Governo português. Efectuada esta nos primeiros dias de 1975, foi possível dar mais um passo em direcção à assinatura de um acordo global, com realização, no Algarve, de uma cimeira dos três movimentos e de Portugal, entre 10 e 15 de Janeiro. Neste último dia foi assinado o Acordo de Alvor, que definia um modelo de transferência de poderes e criava os instrumentos-base do entendimento mútuo e do esforço comum no sentido de Angola se tornar num Estado independente a partir de 11 de Novembro de 1975. Contudo, os interesses brevemente silenciados não tardaram a fazer-se ouvir, desfazendo em migalhas as esperanças de Alvor. Sem que a data da independência tivesse sido posta em causa, o edifício constitucional laboriosamente construído durante as conversações acabou rapidamente por ruir.”.
Contudo, foi com esta proclamação, lida pelo Almirante Leonel Cardoso,
Governador de Angola, que, às 12:20 horas, no dia 10 de novembro de 1975, no
Palácio do Governador, em Luanda, Portugal entregou Angola aos angolanos na data acordada:
"Portugal nunca pôs, nem poderia pôr, em causa a data histórica de
11 de Novembro, fixada para a independência de Angola, que não lhe compete
outorgar, mas simplesmente declarar. Nestes termos, em nome do Presidente da
República Portuguesa, proclamo solenemente - com efeitos a partir das 00,00
horas do dia 11 de Novembro de 1975 - a independência de Angola e a sua plena
soberania, radicada no Povo Angolano, a quem pertence decidir as formas do seu
exercício...". (Excerto transcrito a partir do blogue dos CAVALEIROS DO
NORTE/BCAV.8423):
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