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DO DIÁRIO DE NOTICIAS - LUSA de 19 de agosto de 2007" - para este blog, faço-o lembrando-me dos velhos pioneiros d'aquém e d'além mar que, destemidamente, entraram nas matas e desbravando-as fizeram brotar daquelas terras - do Norte de Angola - estas pequenas bagas rubras que valem ouro.
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"Às primeiras horas do dia Joaquim Dias faz-se à estrada, sete quilómetros a pé, a caminho da pequena fazenda de café nos arredores da cidade do Uíge, que possuiu desde a saída dos colonos portugueses de Angola, em 1975, rotina inalterada, mesmo com 85 anos.
Conhecida como "a província" do café em Angola -
que no tempo colonial chegou a ser o quarto maior exportador do mundo -, o Uíge
conta atualmente com mais de 9.000 pequenos produtores registados, com
plantações de alguns hectares, como é o caso da fazenda "Canjongo",
do "velho Dias", como é tratado por todos.
"Gosto disto, gosto do meu trabalho. E com esta fazenda
tenho alimentado e mantido a minha família estes anos", começa por contar,
à conversa com a agência Lusa.
Tudo começou com a saída dos colonos portugueses que faziam
a produção de café naqueles terrenos, como atesta a vizinha fazenda Alto Minho
que ainda hoje mantém o nome original. Quanto a Joaquim Dias, ao ver a
destruição e abandono dos cafeeiros existentes na agora sua fazenda, mexeu-se e
conseguiu ficar com os 45 hectares, que ainda hoje são o seu sustento.
"Quando senti isso, com a destruição das plantas e
queima para carvão, tive de ir para Luanda, para o ministro da Agricultura, e
consegui a minha fazenda", recorda, sobre o ano de 1975, quando passou a
cultivar o café.
Hoje são 15 hectares só de café, com 16.500 pés, que lhe
garantiram, na colheita deste ano, concluída a 12 de julho, 15 sacos, cada um
com entre 70 a 75 quilos. Ainda assim, menos de metade face a 2016, quando
chegou aos 42 sacos.
A crise angolana, com a falta de apoios financeiros à
produção, e a seca, face à falta de chuva, ajudam a explicar a "confusão
na cabeça" que a colheita de 2016 provocou a Joaquim Dias, que ainda assim
garante ter os pagamentos aos 10 trabalhadores em dia.
"Foram 28 dias a fazer a colheita com um grupo que veio
de fora, para ajudar. Não devo nada", garante.
Vai vender a colheita de 2017 a 200 kwanzas (um euro) cada
quilo, sempre para o mesmo comprador, em Luanda, que depois o revende.
"É o suficiente, chega. Mas amanhã pode aparecer alguém
a dar mais. É o negócio", brinca Joaquim, que já tenta passar o negócio
para o filho mais novo.
"Já registei as coisas em nome dele e tudo, para
continuar com isto", diz.
Ainda assim, garante que para já tem força para manter a
rotina diária de ir para a fazenda, onde colhe ainda banana, abacaxi e a partir
do próximo ano também com as primeiras 1.000 plantas de cacau, para
"experimentar".
No entanto, e num país tomado pelo negócio do petróleo, que
agora está em crise, o café continua a ser a paixão de Joaquim: "O café
tem mais vantagens que o petróleo, não vamos só confiar no petróleo, porque o
café é que construiu [tempo colonial] as cidades, Luanda, Uíge e até o
Huambo", remata."
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