quarta-feira, 25 de outubro de 2017

PORTUGAL DEU UM MERGULHO NO INFERNO

E não é que o diabo andou mesmo por aí!
De tanto gritarem por ele, o satanás chegou com a primavera (...)! Raposa velha sentou-se no alto da Serra da Estrela, bem lá em cima, para poder observar todo o nosso território.
E veio porque ouvira dizer que, nesta terra lusitana o clima, especialmente no tempo quente, era uma maravilha! E, como se sabe, do quente gosta o príncipe das trevas…
Nas suas deambulações por esse mundo imenso, ouviu dizer que este cantinho a Ocidente da Europa, mesmo à beira mar plantado, era uma maravilha: tinha uma luz deslumbrante, uma história muito antiga, o mais velho estado com fronteiras defendidas da Europa, uma cultura muito rica, monumentos lindos, praias extraordinárias,  paisagens naturais, diversificadas e belas, gastronomia e que gastronomia... E vinho, ah que vinho: ele é tinto, ele é branco, ele é rosé, ele é espumante, todos eles capazes de ombrearem com os melhores que há no Mundo e, que, por isso, são de se lhe tirar o chapéu e estalar a língua, ai que bons...Que de tão bons são capazes de dar largas à imaginação de quem os bebe, chegando mesmo a verem Baco - deus do vinho na mitologia - Mas, como o demónio não quer nada com Deus, fiquemos por aqui, pelo menos por agora, porque nunca se sabe o que o satã pode vir a aprontar no futuro.
Mas não é que o maléfico do anticristo, ainda viu mais: viu gente hipócrita, gente invejosa, gente gananciosa, gente corrupta, gente maldizente e esfregou as mãos de contente; mas, ficando mais atento, lá do alto do rochedo, começou a ver que também cá há muita gente boa, a maioria!  Gente de trabalho, gente honesta, gente solidária, gente resiliente no infortúnio e torceu o nariz; vai daí, aproveitando o calor de Junho e a malvadez de um dos seus apaniguados que ateava fogo a uma moita, começou a soprar, a soprar, a soprar fogo pela boca e pelas ventas, até que o fogo varreu tudo num ápice e tudo transformou em cinzas, até as pessoas, lá para os lados de Pedrogão Grande. Um inferno aqui, nesta terra de brandos-costumes, que tal tragédia nunca se havia visto.
Convencido, o chifrudo, de que já havia dado uma lição a esta boa gente que tem a mania de fazer o bem, pensou, lá para com os seus botões, que já podia ir para sua casa. Mas, de repente, começou a ouvir um turbilhão de verborreias: políticos despojados de qualquer sensatez inventavam factos onde os não havia, jornalistas desprovidos de qualquer ética profissional e pessoal, atiravam palavras, carregadas de gasolina, para o ar ardente e, gente, muita gente a opinar disparates como se fossem as maiores sumidades sobre a matéria em causa - os fogos - e, então, o anjo rebelde decidiu sentar-se, lá no rochedo, e ver no que isto ia dar: muita bazófia, falta de coordenação, o deixa andar que o tempo resolve tudo… Mas, também viu muita solidariedade, gente muito inteligente e sábia, gente empreendedora que arregaça as mangas e deita mãos à obra e, às tantas, pensou, muito furioso: esta gentinha não aprendeu nada e, vai daí, desce para a margem norte do rio Tejo e, novamente, aproveita-se de um bando de inconscientes que tendo ouvido dizer que a chuva, finalmente, vinha a caminho, desataram a fazer queimadas para que os verdes rebentos viessem mais depressa, às primeiras pingas de água, e o seu gado beneficiasse do pasto; e, ainda, com uns e outros, filhos do dito, à solta, que iam ateando o lume, o malévolo, volta a soprar, agora com mais raiva do que antes, soprou e fez sair o lume pela boca e pelas ventas varrendo todo o Norte deste pequeno torrão lusitano, tendo mesmo chegado à Galiza e tudo arrasou: homens, mulheres, crianças, casas, animais e tudo o que era verde, tudo, tudo isto sob um turbilhão de nuvens de fogo que evoluíam a uma velocidade incontrolável e indescritível; de tal forma esta realidade era dantesca que os animais morreram de pé e o vidro derreteu (o ponto de fusão do vidro é de 1500 a 1600 graus Celsius). E, tudo, o capeta transformou em cinzas. Ficámos com um país a preto e branco.
Será que depois da casa ardida, desta vez aprendemos alguma coisa? E, será que é agora que de uma vez por todas, pomos trancas às portas, deixando o apregoado maligno ir-se embora para assim podermos ter algum descanso? Será? Vamos ver.
Mas, à cautela, vamos pôr a barba de molho, um corno do lado de fora da porta e uma cruz do lado de dentro e vamos pedir a Deus que nos ajude e nos livre do demónio, porque aos cá de baixo, olhem… É isto.

E já agora, que anda toda a gente numa discussão filosófica muito interessante, de ver quem é que tem de pedir mais desculpas, pergunta-se:
- Todos achamos que o Estado falhou, verdade? Muito bem!
- Quem é o Chefe do Estado? O Presidente da República. Muito bem!
O Chefe do Estado pediu desculpa. Muito bem. E anda pelo país a confortar as pessoas e a ouvi-las. Muito bem.

O Primeiro-Ministro foi para Bruxelas pedir a Solidariedade da Europa para nos ajudar a recuperar da catástrofe. Muito bem. Que assim continue a trabalhar, para nos tirar desta situação catastrófica e claustrofóbica em que estamos metidos, por nossa culpa e a de todos os governos que é suposto nos terem Governado até este momento. Verdade?
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