…"Poucos meses depois de terminar o meu mandato, ganhei
a convicção de que o primeiro-ministro, com a cumplicidade do PCP e do BE, era
mestre em gerir a conjuntura política, em capitalizar a aparência de 'paz
social' e em empurrar para a frente os problemas de fundo da economia
portuguesa: a não ser que algo de muito extraordinário acontecesse, o seu
Governo completaria a legislatura".
A ser assim – e quem somos nós para pôr em causa tão ilustre
sábio –, há que reconhecer que o atual Primeiro-ministro aprendeu, e bem, com o
narrador ilustríssimo. Um verdadeiro mestre na arte de ganhar eleições. E que
mestre…
Quais foram as reformas de fundo que o comentador, enquanto
Primeiro-ministro – 12 anos, fez para livrar Portugal de eventuais futuras
crises económicas? Terá sido a troca da nossa agricultura e a frota pesqueira
por um punhado de euros? Ou o aumento exponencial aos quadros técnicos da
função publica? Ou ainda, permitir que os funcionários do Estado comprassem
anos para se aposentarem mais cedo? E por aí fora…
Já que Sua Excelência com estes textos – mostra que gosta de
escrever e isso é bom –, puxa também pela nossa língua, aqui vai: nota-se na
sua escrita um sabor amargo, quezilento, com laivos de rancor (sempre contra os
que não são da sua cor política), dá ideia de estar mal com a vida – política,
pensamos nós –, mas sem razão, já que sempre disse não ser político, mas fez
politica ao mais alto nível durante 24 anos! Não parece que a vida lhe tenha
corrido mal? Não se entende, pois, este azedume!
Ah! Outra ideia que passa dos seus amargurados
textos é que soube sempre o que aí viria! Sim, é verdade. Mas sempre à
posterior. É! E, isto, o Senhor esquece-se de acrescentar. Ser vidente depois das
coisas acontecerem, já a nossa avozinha o era e nós herdámos-lhe o feito; e o
que os seus escritos mostram, é que V. Ex.ª também o terá herdado de alguém?
Nisto até coincidimos.
Bom, e agora só nos resta ficar a aguardar os próximos
capítulos do seu azedume. Contra quem? Logo se saberá, quando? "Nos outros
dias e às quintas também".
PS: A propósito destas mordiscas, e como não estamos à
altura de dar lições de sentido de Estado a tão alta individualidade,
socorro-me das palavras de Sua Excelência o Presidente da República que disse:
“Não comento, não comento, não comento. Não comento por uma questão de
princípio. Não comento agora e não comentarei até ao fim da minha vida
ex-primeiros-ministros, ex-Presidentes, futuros Presidentes, futuros
primeiros-ministros”.
Imagem: Internet