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Imagem: Internet |
Agora que a época dos fogos está a chegar ao fim, analise-se e discutamos tudo, agora sim.
Já muito foi dito sobre os incêndios que todos os anos
queimam o nosso país, deixando-nos mais pobres. Mas, há sempre um novo ângulo
pelo qual se pode dissertar (embora nos tempos que correm “piar” seja o verbo
mais em voga, eu, como não sou conservador, digamos antes que, por razões de
estilo, mantenho o verbo dissertar) sobre o assunto.
Aqui, proponho-me fazê-lo do ponto de vista -
Segurança e Proteção Civil - a que cada um de nós tem direito enquanto cidadãos
deste país - Portugal -, que tanto amamos: a nossa segurança física e a
dos nossos bens e pertences.
É condição, para nos sentirmos seguros, termos a proteção
destes bens. É um direito absoluto. Ora, aqui chegados pergunta-se: e a quem
incumbe o dever de segurança e proteção? Em primeiro lugar, a cada um de nós
individualmente e, logo a seguir, ao Estado.
Mas, o que observamos é que quer uns, quer outros, temos
andado um pouco afastados destes deveres. Os cidadãos porque uns não limpam a
carga energética das suas florestas (...), outros porque vão pegando fogos a
torto e a direito e, o Estado por não ser capaz de pôr cobro a estas situações,
prendendo e castigando severamente os incendiários (ou guardando-os se for o
caso, para não reincidirem, durante o tempo mais quente do ano), e por não
apagar os fogos com eficiência.
Quero, antes de continuar, louvar o esforço dos bombeiros
que tão abnegadamente se têm dedicado com afinco e dando o melhor de si,
algumas vezes, infelizmente, até a sua vida, para nos salvarem e salvarem os
nossos bens. A Eles o nosso reconhecimento e louvores que nunca serão de mais
por tanta generosidade.
Temos no entanto que reconhecer que o país carece de uma
força de intervenção altamente especializada, fisicamente bem preparada, e com
os meios adequados para combater esta catástrofe que, com a regularidade
cíclica do estio, nos afeta todos os anos e muitíssimo. Penso que serão
necessários dois batalhões de homens e mulheres, um a Sul e outro a Norte,
inseridos no exército, ou na GNR, mas parece-me que as Forças Armadas, por
terem as outras duas valências, aviação e marinha, estarão mais bem
posicionadas para absorver esta Força Especial, que possa estar pronta 24 horas
por dia, 365/6 dias por ano, bem treinados e com disponibilidade total para
poderem responder a esta e outras calamidades, prontamente, sem excitações e
obedecendo de imediato ao Comandante; e, a esta Força, devem juntar-se a Força
Aérea com os aviões de combate a incêndios (deixando, assim, de ser necessário
contratar as empresas dedicadas a este negócio); a Marinha para as situações de
cheias e em outras ações como foi visível agora; o famigerado SIRESP, para se
acabar de vez com esta situação anacrónica de este sistema nunca estar
operacional em situações de catástrofe; os Bombeiros voluntários, que não devem
ser dispensados (de modo nenhum como é evidente), sempre que forem chamados a
integrar esta Força, devem fazê-lo e submeterem- se ao respetivo Comando
da Força Especial.
A esta hora, quem está a ler este artigo de opinião,
interrogar-se-á: quem é este tipo para estar a opinar desta maneira? E sabe que
mais, tem toda a razão! Não sou ninguém. Apenas um cidadão atento e, com alguma
dificuldade, reconheço, pensante; que depois de ler o que a Unidade Militar de
Emergência fez e disse acerca das nossas forças em presença no combate aos
fogos, me obriga a ter o desplante de intervir, civicamente, nesta matéria, com
vista a minimizar, para o futuro, este desastre: um rombo nas finanças
públicas, que, afinal de contas, são de todos nós.
Não esgoto com estas medidas a carência do que há, no
domínio dos incêndios, por fazer, tal como: o cadastro do território, o
emparcelamento, a ordenação florestal, o banco de terras, o aproveitamento da
carga energética das florestas (biomassa). Mas, tudo isso já está discutido e
escrito, pelo que me dispenso de o fazer. Não, sem contudo, antes, deixar aqui
algumas notas: este nosso sistema de combate aos incêndios já deu o que tinha a
dar, está demonstrado, temos que ser realistas. E quando assim é, diz o senso
comum, ser bom parar para pensar. Julgo que com um pouco de humildade, devemos
reconhecer a evidência e, para não irmos mais longe, olhar com olhos de ver,
aqui, para os 'nossos irmãos', e aprendermos com eles, já que, o sistema deles
resulta melhor do que o nosso! E, olhem, que não nos caem os parentes na lama
por isso. É sempre tempo de aprender, cum raio.
Pergunto-me se, no meio de tantas ignições, não houve mão
terrorista?
E, se a forma como a Comunicação Social, com toda a liberdade
e o dever que tem de informar (com verdade e rigor), e, no caso, em particular,
as várias estações de televisão pela força das imagens que difundiram, o
fizeram da melhor maneira? A mim, pareceu-me que não. Não é com a repetição
sucessiva e massiva, que se informa. Parece-me, até, que esta atitude pode
induzir nos pirómanos a vontade de atearem mais fogos. Uma discussão que a
Psiquiatria pode fazer, para, a todos, nos esclarecer.
Por último, vi as pessoas, quando os fogos rodearam as suas
casas molharem-nas, bem como aos espaços envolventes, o que me pareceu bem;
mas, sempre que via isto, pensava se não seria mais eficaz colocar (antes dos
incêndios) nas cumeeiras dos telhados e nas paredes que rodeiam as habitações
ou quintais, aspersores?
E com esta dica, por aqui me fico com a certeza de que
unidos, com inteligência, e a vontade que não nos deixa quebrar, faremos destas
cinzas uma nova floresta, amiga do ambiente e, consequentemente, do homem.