domingo, 1 de novembro de 2009

A CAMINHO DO QUIVUENGA



Da esquerda para a direita, os furriéis: Cândido, Ribeiro e Magalhães

O caminho era feito por uma picada larga – chamavam-lhe a ‘autoestrada’ do Quivuenga –, agora já íamos em viaturas militares e em atitude de guerra, porque, do Songo para a frente, já havia conflito! Embora, segundo os veteranos da ‘ONZIMA’ que asseguravam a escolta, não fosse provável qualquer contacto com o inimigo. Mas enquanto nós, os novatos, fazíamos a viagem com medo, os velhinhos iam alegres e descontraídos.

A malta que estava no Quivuenga e que ia ser substituída colocou placas nos cruzamentos do percurso, apontando Lisboa a 8.730 km e outros letreiros com frases como estas: ‘Maçaricos, só faltam 730 dias! Vá lá, animem-se! – Adeus até nunca mais! – Tendes muito pó para comer… pobrezinhos!’.

Por fim, felizmente, chegámos sem problemas. Claro está que, quando aparecemos, outra receção nos esperava! Embora esta fosse mais rápida, pois a rapaziada estava com pressa para regressar ao Songo, o que era compreensível. E nós, cabisbaixos, lá nos íamos instalando. Valeu-nos a simpatia do nosso major, que nos fez um acolhimento simpático e nos tranquilizou.

O Quivuenga ficava a nordeste do Songo, nas faldas da serra da Mucaba. Era um povoado surpreendentemente pequeno, implantado em cima de um pequeno morro, e estendia-se de leste para oeste. Era servido por duas picadas, com apenas sete ou oito casas e uma pequena igreja a leste. Do lado direito da igreja, ficava a casa do chefe de posto, a autoridade civil; do lado oposto à igreja, o aquartelamento: a camarata dos soldados, o refeitório e a cozinha. A meio da aldeia estava a casa dos oficiais e sargentos, com uma venda ao lado; 300 metros mais abaixo encontrava-se a sanzala, com umas trinta habitações autóctones. As pessoas viviam em pequenas casas retangulares, feitas de blocos de terra e cobertas por chapas de zinco. A maioria tinha uma porta e uma janela; algumas maiores tinham duas janelas, sempre voltadas para a rua e todas alinhadas. Aliás, os povos que viviam mais ou menos dispersos ou em aglomerados irregulares antes da guerra foram obrigados pelas autoridades administrativas, depois de esta eclodir, a agruparem-se em aldeias construídas por si, em terreno direito e ruas perpendiculares ao estilo do Marquês de Pombal, para melhor serem controlados.

Estes dois pelotões mantinham-se neste destacamento por um período de três meses e, no fim deste tempo, eram substituídos por outros camaradas da companhia do Songo.

O terceiro pelotão de atiradores da Companhia de Artilharia 6553/73 era composto por trinta soldados, incluindo um cabo, três furriéis e um alferes. Os furriéis eram o Magalhães, o M. Silva A. e o Vieira; o alferes, o Silva. O segundo pelotão tinha a mesma composição, e os furriéis eram o Ribeiro, o Cândido., o Cardoso. e o aspirante Costa. Os dois pelotões eram apoiados por um cabo cozinheiro, um auxiliar de enfermagem e um homem de transmissões. O destacamento estava sob o comando do major Oliveira, um homem da ilha da Madeira.

Fui nomeado, pelo Comando da Companhia do Songo, vagomestre do destacamento e, por inerência, o major nomeou-me, tacitamente, seu braço direito.

Pelas vinte horas deste longo dia, 25 de agosto de 1973, dei as boas-noites aos presentes, que, à volta de uma pequena mesa, escreviam para a família um aerograma, uma espécie de carta ou postal isento de selo utilizado pelas forças armadas em combate e criado pelo Movimento Nacional Feminino, e fui-me deitar.

Na parede, por cima da minha cama, estava uma frase que dizia: “E quando me dá uma forte vontade de trabalhar, deito-me e espero que ela se vá”. O camarada da ONZIMA que lá a colocou, se ler este blogue, fica a saber que eu fui o seu herdeiro e fiz bom uso do conteúdo da mensagem.

Mas se pensam que fiquei na cama e adormeci de seguida, desenganem-se! Fui, literalmente, arrancado da cama para jogar uma partida de king! Coisa que eu não fazia a menor ideia do que era; nunca tinha ouvido falar de tal jogo. Só depois de jogar, perder e pagar o camarão é que, por volta da uma da manhã, fui, por fim, dormir o justo sono.

A.M.

13 comentários:

  1. Pertenci à Compª de Artilharia 2573. Companhia independente, mas ligada ao BC 12 - Carmona - Uíge. Estivemos no Songo entre Agosto de 1969 e 1ºs meses de 1971 - não sei a data - tendo seguido depois para Santa Cruz, cerca de 40 km a norte de Macocola, concelho de Quimbele, salvo erro. Foi em Santa Cruz que terminámos a comissão, tendo regressado a Lisboa em Outubro de 1971, felizmente sem mortos.
    Portanto, conheci Quivuenga. Estive lá dois meses, pelo menos, com o meu pelotão. Nessa altura, 2/3 de um pelotão estava no Quivuenga 1 mês e o outro terço do mesmo pelotão, com mais alguns homens, estava na Central Zero, na Serra de Uíge, durante esse mesmo mês.
    Pelo que diz, na vossa altura em Quivuenga, o efectivo era bem maior. Isso dever-se-ia a que a situação seria mais problemática, presumo.
    Foi durante a nossa presença no Songo (sede da companhia)-Central Zero-Quivuenga que houve uma emboscada a um branco, que vivia no Quivuenga, de nome Quim Pereira e, na sequência desse acontecimento, as coisas terão ficado piores. Alguns meses depois nós partimos para Santa Cruz.
    A zona do Songo era então relativamente calma. No entanto, de vez em quando, havia situações complicadas, pois os guerrilheiros dos movimentos passavam por ali, a cmainho de outras zonas de Angola.
    Se quiser dar-me resposta, agradeço.
    Manuel

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    1. Gostaria de um dia nos encontrarmos e realisar um festa entre todos os camaradas da 2573 e voltarmo-nos a reconheser que muitos de noz se nos vermos ja nos nao conhessemos ao fim de tantos anos seria uma festa bonita entrarmos todos em contacto desde ja um grande abraco camarada Manuel

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  2. Boa tarde camarada de luta de outros tempos.Ao fim destes anos todos lembrei-me de procurar antigos companheiros de guerra.Pertenci à CART 2573 desde o ano 69 a 71 sempre aquartelado no Songo onde fomos substituir uma Companhia de Madeirenses.Fui o único que passou à disponibilidade em Luanda.Era o condutor do Capitão,o qual não tinha barba..e era pequeno de estatura.Posso dizer que só sei de alguns, como por exemplo, o soldado Martins, condutor, o Furriel Almeida, o Sargento de secretaria.Recordo-me, por exemplo de terem morto uma gibóia que foi levada para o quartel.Chamo-me Teófilo, sou de Torres Vedras.Já lá vão 39 anos e ainda não encontrei ninguém dos camaradas e nem sei se já houve algum encontro.Espero que, com estes pequenos dados dê um passo em frente para encontrar mais companheiros.Fico-me por aqui, por enquanto, espero.Um até breve.11 de Junho/10.

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  3. ALO meus colegas camaradas e amigos da nossa CART 2573 ate que conssigo encontrar alguem que anda procurando o mesmo que eu encontrar colegas de armas de luta em ANgola pra onde fomos transportados pelo grande navio VERA CRUZ eo qual nos voltou a traser de volta a PORTUGAL pois eu era do quarto pelotao do alferes SILVA e do furriel SERRA e o capitao era de facto o capitao COSTA sem barbas tambem pequeno mas boa pessoa pois eu sou uma pessoa que tenho um diario desde que fui assentar praca em CASTELO BRANCO em janeiro de 69 e ate que regressei a LISBOA onde deixamos o VERA CRUZ e depois ate EVORA onde entregamos o restos dos farrapos que tinhamos em nossa posse a onde depois ao fim de 6 meses emigrei para a ALEMANHA a onde me encontro ainda hoje ja vai ha um par de anos mas assim a vida em PORTUGAL o permetia fujir de la para fora pois eu gostava de entrar em mais contactos com todos os nossos camaradas de luta e da nossa grande CART 2573 que foi e regressou sem uma baixa desde ja espero uma vossa resposta camaradas para que um dia possamos organisar um uma festa entre noz um grande convivio eu era o cabo cordas de n. 148 o companheiro que andava sempre com o JOSE MARQUES o qual tambem um pouco pequenoe pertencia ao FUNDAO ha muito mais para se falar relembrar o passado da nossa infancia desde ja ficome por aqui esperando por uma vossa resposta desde ja vos desejo um feliz e prospero ANO NOVO 2014 um sempre amigo esperando uma resposta --/01-- 01-- 2014/

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  4. Ora viva Amigo Cordas, eu sou o então alferes Manuel Sá, da nossa companhia e lembro-me muito bem de ti. Temos fotos nas quais tu estás. Quero dizer-te, desde já, o prazer de te ter encontrado aqui, quando também andava a procurar mais informação sobre a CART 2573 e o Songo. Nesta página há aqui uma mensagem do Teófilo, que já está também a par de tudo o que estamos a fazer, nós, os da CART 2573.Estamos a realizar hoje mesmo (28 Maio 2016) o nosso convívio anual, em Fazendas de Almeirim, mas eu não pude lá estar porque tive uma cirurgia e estou a recuperar. Devem ter participado dezenas de camaradas nossos e seus familiares. Quero também dizer-te que temos os contactos de muitos camaradas, tanto telefones, como endereços de correio electrónico. Sabemos que estás na Alemanha e temos tentado, na tua terra, saber de ti. O então furriel Almeida, que é de Portalegre tem tentado isso. Também sabemos que o Foguete está na Alemanha. Os nossos encontros anuais costumam ser no último sábado de Maio de cada ano. Fazemos estes convívios desde 2002, o 1º foi em Évora.
    Preciso do teu mail e fico à espera do teu contacto. Se quiseres podes ver um vídeo que publiquei recentemente do nosso último almoço, de 2015, em Fazendas de Almeirim. Vou publicar outros vídeos. Temos muitas fotos, que verás logo que possível. O vídeo está em

    https://www.youtube.com/watch?v=4EIJnGcZsSE

    Vais gostar de ver.

    O meu mail é o seguinte: manuelpsa@gmail.com.

    Agora que sei que vens a este blog, não mais vou deixar de o visitar, até conseguir saber se já tens conhecimento desta minha mensagem.
    Manuel Sá

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  5. Cordas, acabei de publicar alguns vídeos dos nossos convívios. Para poderes ver aqui estão os links:

    Convívio de 2004
    https://youtu.be/MFgkgBEKN9g

    Convívio de 2011
    https://www.youtube.com/watch?v=I35GiGsOnls

    Convívio de 2012
    https://www.youtube.com/watch?v=fTsDEyibVrQ

    Fico na expectativa de que possas ver estas mensagens e que respondas. Obrigado.

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  6. Olá, camaradas ! Pois eu também estive no Songo, com a Companhia de Caçadores 758, entre Janeiro e Setembro de 1965 !!! Se a imagem ao lado não me engana, nesse local e nessas mesmas cadeiras onde vocês estão, também eu estive. Por acaso não tenho aqui uma foto nossa, parecida com a vossa, mas ainda a vou procurar! Foram quase 10 meses meio complicados, em operações na Serra do Uíge e ali à volta. No resto da Comissão estivemos na Intervenção, a partir de Luanda. Pois muito bem, nós fazemos os nossos almoços comemorativos do regresso (1967), nos 2ºs sábados de Março. Para o ano, sou eu a organizar. Grande abraço, espero ainda voltar ao vosso blogue, com mais notícias! José A. Rosário, ex-fur.mil.

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  7. Meus caros Camaradas de Armas, vi por casualidade o blog da CART 6553 que esteve no Songo em 1973. Pois eu também estive no Songo de Novembro de 1963 a Novembro de 1964, integrado na CART 492, e conheço muito bem "O CAMINHO DO QUIVUENGA" a cerca de 40 km do Songo, nesse tempo nem o Songo nem o Quivuenga tinha alguma semelhança com o passado 10 Anos, nessa altura quando se chegava ao fundo da picada junto á Serra para o lado direito no cimo dum morro encontrava-se um Fortim dos Voluntários, e para o lado esquerdo na planície uma Sanzala com cerca de 30 cubatas, continuando 1 km mais acima já a entrar para a Serra uma Fazenda abandonada local onde dormi algumas noites com a minha secção.
    No Songo a Vila também estava meia abandonada, o Quartel era a meio da rua principal nuns armazéns e casebres transformados em Aquartelamento em frente ao Talho, Padaria e Bomba de Combustíveis, pertencentes a um indivíduo de nome Tomé. Mais ao funda da rua já a virar para o Quivuenga havia dois Comerciantes sendo o primeiro um Bar cujo dono se chamava Oliveira que tinha uma mesa de Matraquilhos onde nos entretinha-mos nos momentos livres a fazer campeonatos, e paredes meias um outro estabelecimento pertencente a um senhor de nome Cantarinhas, que vendia quase de tudo.
    No sentido oposto quando se entrava no Songo vindo de Carmona, do lado esquerdo ficava a vivenda do Chefe de Posto.
    Meus caros Camaradas muito mais havia a dizer do Songo de Carmona, da Serra do Uíje, do Quivuenga e zonas Limítrofes, mas a missiva já vai longa, talvez noutro momento. José A. Salgado ex-fur. mil.

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  8. Caros Camaradas, nós que tivemos essa particularidade de termos estado no Songo, Quivuenga e Central Zero, podemos visitar este blogue, assim como o da CART 2573, que é o nosso. Quem quiser visitar o nosso blogue pode clicar em http://manuelpsa.blogspot.com/. Também estamos no facebook, em https://www.facebook.com/CART2573/.
    Já li o que disse o José Salgado, que esteve na zona bem antes de nós, que só chegámos ao Songo em Setembro de 1969, foi aí o início da nossa comissão. Também fizemos operações na zona do Quitexe-Dembos e mais tarde na zona de Santa Cruz, que é no concelho de Sanza Pombo. Como já disse antes, foi em 1971, talvez em Fev. ou Março, que a CART 2573 foi destacada para Santa Cruz, onde ficámos até terminar a comissão. Tínhamos 3 pelotões e os serviços em Santa Cruz e um pelotão reforçado em Macocola.
    Quanto ao Songo, o que o José Salgado diz mantinha-se em 1969/1970, só que a situação seria mais calma quando lá estivemos e a vila estaria mais desenvolvida. Os nomes e os pontos da vila que o Salgado refere também nós encontrámos.
    Agora só me resta desejar muita saúde e tudo pelo melhor, para todos os camaradas e familiares, neste Natal diferente, e que 2021 seja bem melhor que o ano que agora vai terminar. Forte abraço, tudo do melhor para vós e os vossos familiares. Manuel Sá, ex-alferes miliciano.

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  9. Amigo Manuel Sá, foi com muito agrado que li a resposta ao meu comentário sobre o songo.
    É gratificante quando entre nós ex- militares comparticipamos momentos passados durante o tempo das nossas comissões em especial quando pisámos os mesmos lugares, apesar de serem em Anos diferentes, cujas lembranças ao serem partilhadas nos fazem sentir saudades de momentos que cada um de nós passou, independentemente de uns serem menos bons, outros alegres, e até alguns hilariantes.
    Como diz o Povo "Recordar é Viver", e eu sou franco, quando falo ou me comunico com Camaradas Ex-Combatentes os nossos temas recaem sempre sobre os lugares e as várias situações pelas quais cada um passou, e ao recorda-las somos "transportados" imaginariamente para os mais diversos locais e consoante os momentos assim sentimos ou nostalgia ou alegria, porque em todos os Camaradas com quem tenho falado ou comunicado, estou convicto senão todos pelo menos a maioria em geral, uns mais outros menos, temos o sentimento comum de uma certa atração por Angola, em especial Luanda a qual considerei uma "Cidade de Encanto.
    Amigo Manuel Sá, segundo informa que o Songo em 1969 se mantinha como o descrevi um pouco mais desenvolvido. É natural em cinco anos muita coisa se altera, como constatei através de blogues de outros Camaradas que há um Monumento aos fundadores do Songo que no meu tempo não existia, entre outras alterações. Aproveito para mencionar um outro local onde passávamos alguns momentos livres, que eram as piscinas no caminho do Quivuenga à saída do Songo a cerca de um ou dois km para a direita. Era nesse local que havia um Furo com uma bomba elevatória que bombeava a água potável para toda a Vila.
    Amigo Manuel Sá peço desculpa pelas minhas mensagens um pouco extensas mas eu tenho um grande fascínio por Angola e só entre nós ex-combatentes é que nos conseguimos compreender quando contamos as situações pelas quais passamos, por que se tentarmos contar algum episódio às gerações depois da independência, ninguém está interessado em saber, e até acham que nós Militares tivemos dois Anos de férias.
    Caro Camarada, obrigado pelos votos de Bom Natal e melhor Novo Ano, vamos esperar que assim seja, retribuo também um Bom Natal e Bom Ano para o Manuel e família, bem como para todos os nossos Camaradas, em especial com muita saúde desejos da José A. Salgado, ex-fur. mil.

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  10. Caros companheiros de armas Manuel e José Salgado !
    è sempre com grande alegria quando vejo e, claro, leio um novo comentário, no caso, dois camaradas que também pisaram terras do Songo.
    De facto, Angola tem esse poder atrativo de arrebatar todos os que por lá viveram ou andaram, É o feitiço de África: aquelas paisagens arrebatadoras, os cheiros, a terra abençoada que tudo dá a quem a trabalha e mesmo a quem o não faz, aquele sol, aquela Lua e as estrelas que brilham com uma intensidade única; até mesmo as chuvas e as trovoadas que quando se manifestam o fazem em abundância e inclemência. Lá tudo é em grande.
    Subscrevo tudo o que dizem desta terra que também amamos; acrescento, apenas, que o quartel onde nós, CART 6553/73, estivemos já ficava à esquerda de quem entra no Songo, logo por trás da Secretaria da Administração, ali, perto da casa do Administrador.

    Boas Festas e um 2021 sem COVID-19 e com muita saúde
    Um grande abraço e até sempre.

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    1. José A. Salgado 15 de Setembro 2021
      Meu caro Camarada Magalhães.
      Só hoje vi a sua resposta ao meu comentário sobre o Songo, porque perdi o rasto do vosso blog, e que hoje por acaso encontrei, peço desculpa por isso.
      É como o Magalhães diz, a sua frase é perfeita,(Angola tem o poder atrativo de arrebatar todos os que por lá passaram. É o feitiço de África), pois é pura realidade, tudo é diferente do que estamos habituados em Portugal, desde o Céu, à terra barrenta de cor vermelha onde tudo germina, como exemplo a batata que dá duas colheitas por Ano.
      É também verdade que o Sol, a Lua, as Estrelas são muito mais brilhantes em Angola. A minha Companhia quando saiu do Songo foi mais para o Norte, para a região de S. Salvador do Congo, mais propriamente para uma terra de ninguém completamente isolado a 30 Km de S. Salvador, de nome Qiende, onde à noite a escuridão era profunda, precisamente por isso, tive o privilégio de assistir aos pormenores que refere sobre a Lua, as Estrelas e as trovoadas cujos raios se sobrepõem rasgando o Céu, formando as mais bizarras figuras. Uma noite de tremenda trovoada, um raio se abateu num extremo do aquartelamento e de repente ficamos sem transmissões, algo tinha acontecido à antena, quando clareou, fomos verificar o local e vimos o poste que suportava a antena com cerca de 10 m, cortado a meio com se uma serra elétrica o tivesse trespassado, a chuva foi tanta que o rio Lunda a 100 m transbordou e levou uma parte da estrada junto à Ponte estivemos 15 dias sem passar para essa zona.
      Ainda em relação ao Songo que no seu tempo o quartel era à esquerda de quem entrava no Songo quase junto à casa do Administrador. Pois conheço muito bem esse local mas sem quartel no meu tempo não existia.
      Segundo diz o Magalhães hoje já não existe, também o do Quiende
      que foi construído de raiz também só existem ruinas, foi pena os Angolanos não aproveitarem essas instalações em beneficio deles. Mentalidades.
      Amigo Magalhães desejo-lhe muita saúde fora desta pandemia, e sim um grande abraço até sempre.

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  11. Boa tarde, camaradas que passaram pelo Quivuenga
    Eu também por lá passei, era do 4º pelotão da CCAÇ 1311 . Não me lembro com exactidão das datas, talvez de Maio a Julho/74. Alguem por aí dessa altura ?
    Ex - Alferes Vieira

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  “É O COMER QUE FAZ A FOME.   É O CORAÇÃO QUE FAZ O CARÁTER”                    Eça de Queiroz  Imagem: Internet